O motorista brasileiro não sabe medir o consumo do carro. E isso é uma tradição cuja “culpa” pode ser dividida entre os jornalistas especializados (que perpetuam o erro) e as montadoras (que são coniventes com o erro). No Brasil, quase todo mundo diz que seu carro “consome”, por exemplo, 10 km/l. Seja com gasolina ou com etanol.

Estamos falando aqui muito mais de uma questão semântica do que prática. Mas em muitos países o consumo é medido da forma correta, ou seja, litros por km e não km por litro. Faz diferença. Afinal, no modo “brasileiro”, consumo baixo significa número alto (20 km/l, por exemplo) e consumo alto significa número baixo (5 km/l).

Muitos motoristas já repararam que nos carros importados existe a marcação de consumo da forma correta, ou seja, litros por km (ou litros por 100 km = l/100 km). Ou seja: quanto o carro consome para percorrer determinada distância.

Afinal, nenhum carro “consome” km. O carro consome litros de combustível e percorre km. Falando da forma correta, um carro que tem baixo consumo, por exemplo, 5 l/100 km, tem uma autonomia de 20 km/l.

Autonomia? Sim. O termo pode ser usado tanto para a distância percorrida com um tanque de combustível (ou uma carga de bateria) ou para a distância percorrida com 1 litro de combustível, por exemplo. Também é correto dizer que o carro tem um determinado alcance, como os aviões.

Assim, um carro que tem baixo consumo, 5 litros de gasolina por 100 km, e um tanque de 50 litros, terá um alcance de 1.000 km. E sua autonomia será de 20 km por litro. Parece bobagem, mas com os carros elétricos vai ser preciso pensar dessa forma. Afinal, o consumo elétrico de um Volvo XC60, por exemplo, é de 20 kWh/100 km (e não de 5 km/kWh).

É muito mais fácil associar baixo consumo com um número baixo e alto consumo com um número alto do que o contrário. Entretanto, pela tradição que se formou no Brasil, preferimos essa incoerência, de associar um número baixo (5 km/l) com alto consumo e um número alto (20 km/l) com baixo consumo. É mais uma “jabuticaba” brasileira, ou seja, só dá em nosso país.

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Por Sergio Quintanilha

Matéria adaptada do portal: https://www.terra.com.br/

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